segunda-feira, 5 de julho de 2010

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa

Hoje vamos falar de um escritor gaúcho que se tornou um dos principais escritores do século XX.

Mario Quintana nasceu em 30 de junho de 1906 na cidade de Alegrete, no Rio Grande do Sul. Aprendeu a ler aos 7 anos, tendo como base o jornal “Correio do Povo”. Em 1914 foi estudar na Escola Elementar Mista de Dona Mimi Contino. Em 1915, freqüentou a escola do mestre português Antônio Cabral Beirão, onde conclui o curso primário. Seus primeiros trabalhos foram publicados na revista Hyloea, um órgão da Sociedade Cívica e Literária dos alunos do Colégio.

Seus textos se caracterizam pela linguagem clara e simples, que normalmente fala de sentimentos referentes ao cotidiano.

Ao longo da carreira, Mario Quintana desenvolveu trabalhos de tradução, sendo o primeiro com a obra “Palavras e Sangue” de Giovanni Papini. Além disso, interpretou também obras de Marcel Proust, Honoré de Balzac, Graham Greene e Guy de Maupassant, tornando-se assim um dos responsáveis pelo acesso da sociedade brasileira às obras literárias internacionais.

Os poemas de Quintana foram publicados no jornal “Correio do Povo” (o mesmo em que aprendeu a ler), onde trabalhou por 40 anos. Suas obras integraram os livros didáticos das escolas e foram publicadas em vários exemplares de livros da língua portuguesa e também de literatura.

Uma das primeiras premiações que recebeu foi com o conto A Sétima Personagem, num concurso agenciado pelo jornal Diário de Notícias.

Quando completou sessenta anos recebeu uma homenagem dos amigos Paulo Mendes Campos e Rubem Braga, com uma obra de sua antologia poética, com sessenta poemas inéditos, Mais tarde essa obra lhe rendeu o prêmio Fernando Chinaglia, como o melhor livro do ano.

Em 1980 ganhou o troféu Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras.

Entre tantas obras, algumas que merecem destaque são: Canções; O Aprendiz de Feiticeiro; Quintares; O Baú de Espantos.

Um de seus poemas mais conhecidos é o “Poeminha do Contra”, feito depois da terceira tentativa em conquistar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.

“Todos esses que aí estão, atravancando meu caminho, eles passarão... eu passarinho”. (Mario Quintana, poeminha do contra)

Mário Quintana faleceu em Porto Alegre, em 5 de maio de 1994, aos 87 anos de idade.


"Amigos não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira. A morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos".

“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.”


Um comentário:

  1. Mário Quintana deveria ser melhor explorado. Seus textos saem direto da alma...

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